terça-feira, 4 de setembro de 2007

“Casos de condomínios” por Dr. Simão

* Dr. José Miguel Simão, é advogado e cronista


O Vovô e a netinha

Era uma linda jovem, estudante de fisioterapia, que todos os dias, saia bem sedo para a faculdade toda de branco e só voltava no final de tarde. Tudo parecia normal.
Saía muito pouco, não recebia amigos, muito menos promovia festas. Desde que mudou para aquele apartamento, ninguém notou nada de estranho, a não ser por um detalhe, seu avô, um senhor com aparência de uns setenta anos vinha visitá-la uma ou duas vezes por semana. Muito educado, bem vestido, com uma Mercedes preta, com vidros escuros. Chegava na portaria e anuncia que o vovô vinha visitar a netinha.

Às vezes chegava com algumas sacolas e colocava tudo no carrinho e subia pelo elevador de serviço, nunca incomodava ninguém.

Todo condomínio que se preze, tem um “faz tudo”: troca lâmpada, faz extensões para telefone, instala o forno de microondas na parede da cozinha, troca torneiras, em fim, faz todo serviço que agente não tem tempo, nem tão pouco habilidade para tanto. Com isso, esta pessoa sempre fatura uma graninha. Seu Quinzinho é o nosso.

Aposentado por invalidez, não pode mais trabalhar com carteira assinada. Quebra o galho de todo condomínio, basta ligar no celular que, em pouco tempo, está na portaria para resolver o problema, qualquer que seja: elétrico ou hidráulico. Quando quer cobrar um pouco a mais, acaba pondo algum empecilho para valorizar o serviço. O bom que ele mesmo compra o material, apresenta a nota e é só fazer o cheque, não tem sobra nem sujeira.

Naquela tarde, seu Quinzinho foi solicitado pela universitária para a troca do chuveiro, que há dias soltava uma fumacinha e deixava todo o apartamento cheirando queimado. O único problema, era o vovozinho, que não gostava de ser interrompido em suas visitas. Assim, pediu para que seu Quinzinho aguardasse no Hall do elevador e após a saída do vovô poderia consertar o chuveiro sem pressa. Mas, o destino... esse, às vezes, é cruel. Enquanto aguardava sua vez, houve uma grande explosão no apartamento da estudante. De lá dentro, saem correndo nus pela porta vovô e netinha, que juntos tomavam um banho bem demorado.


Os vizinhos saíram correndo para ver o que havia acontecido e pegaram o casal como vieram ao mundo, desmascarando de vez o casal. O Velhinho se salvou com uma tolha de rosto, enquanto sua, já, ex–neta, com a manta do sofá. Mesmo sem arrumar o chuveiro o casal se mudou, não se sabe se a netinha concluiu o curso ou continua estagiando com o vovô.






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